Mensagem de amor, Vol. 1

dançar com você
é entrelaçar os sentimentos
de forma a querer ser o único
a entender riscos e ouvir medos

dançar com você
significa doar
significa não temer a dor
pois até dor vale a pena, por você

você se tornou minha moeda
um escambo perfeito
trocando o duvidoso pelo certo
encontrei paz e conforto em ti

meu peito dói por não estar ao teu lado
vá saber onde meu pensamento está
obviamente em ti e no teu corpo
marcado hei de ficar

The Rock isn't over

You know the Rock isn't over
Just because we are here
We were born to think only
About love and peace

We're gonna rock all structures
From Paris to Berlim
We are ready to be loved
But all we want is to be free

You should know that the Rock isn't over
Look at us singing, please
Don't forget all the concerts
That are to be lived

I wanna hear the sound of emotions
And see the feelings through the words
My face is empty of rage
But full of joy

You know our Rock isn't over
Just because we still think
Our love is enough
To be part of this rhythm

It isn't over
No more
No more
It isn't over

Luzes ao meu redor

largar tudo o que se faz
aceitar o que tem sido fugaz
comedida forma de pensar
você deveria se por em meu lugar

eu não quero apenas teu carinho
quero abraços, beijos, façamos um moinho
onde posso moer nosso sentimento
e onde possamos fluir o caminho

esse que temos traçado
difícil, meio amarrado
às cordas que um dia eu tive em minhão mãos
e que hoje desato por teres aparecido

palpita o palpite do que quero para mim
solta as veias que o amor corre
sob medida você foi feito
não sou perfeito, mas dou um jeito

acho que estou confuso
de quem sou eu no espelho
não tenho medo ou receio
só tenho certeza de que você é a amálgama mais suave de todas

Encomenda

sinto que devo doar meus órgãos
e que um deles já fora arrancado
e foi você quem tomou conta do todo
e foi você quem me fez acordar

eu estava desacreditado
que o calor da noite pudesse me trazer carinho
ele me trouxe você
você é flor, não é espinho

e nos meus olhos eu tenho ternura
e nostalgia de coisas que há tempos não sentia
cartas de amor são ridículas, Pessoa
mas eu tenho que escrevê-las

te escrevo com sinceridade
e com paz de quem te quer
posso ser o que quiseres
seu homem, sua mulher

só não esqueça de entrar quieto
silencioso, sem pressa
se estou pronto, não sei
mas contigo quero descobrir

Poesia de despedida

eu nunca li palavras
eu nasci para ler sentimentos
para ver a hipérbole nos teus textos
e a metáfora em teus olhos

eu não pedi para ter mãos
nem para ter coração
nem para poder sentir a dor
que sinto pelo caminho que tenho traçado

a volta não é possível
mas a visita, sim
quero uma companhia momentânea
e um abraço duradouro

me sinto engraçado
por estar livre de tudo que algemava minhas mãos
e por que estás tão triste
se foste tu quem me fez voar

e agora é o fim
é o momento do abraço na estação
é o olhar para trás
para seguirmos nossas vidas

Ponto final

de repente, tinta nos dedos
começo a pintura
vejo muito vermelho
vejo muito preto

um acabamento estranhíssimo
um sentimento de dor no peito
eu que queria ser livre
sendo preso novamente?

e um ar de nostalgia no olhar
comedido ser que vejo me tornar
a coisa toda se reduz ao pó
e um peito que não mais bate

e o amor bate a porta?
e o amor faz sua parte?
não, não fez
mais uma linda história chega ao fim

O que queres de mim?

espere um minuto

o que queres de mim?

fique parado me olhando

o que queres de mim?

eu vejo perda nesses olhos

de mentira e verdade

eu tentei te encontrar

mas nem tu mesmo consegues isso

não tenho vontade de tentar

preciso de um cigarro

para acender a felicidade

que um dia eu aqui tive

e que vejo escorrer

minhas veias sangram

eu tenho perdido muito mais

do que possas imaginar

dói sentir a perda?

dói tentar conquistar de novo?

eu acho que podes me salvar

o que queres de mim?

quero que entendas

que isso já se foi

um minuto para respirar

e um para conseguir

apagar as boas memórias

reconstruir o que perdi

e tentar

conseguir

e agora

o que queres de mim?

Soneto pelo recomeço

um belo sorriso

um impressionante olhar

nobres atitudes

e devemos crer

há luz no fim do teu túnel

porém também vemos um pouco de dor

talvez seja o ar doce das flores

ou parte de ti que não vê amor

peço paz e harmonia

para que todos possamos reerguer

o nosso amor

reerguer o nosso ninho

o nosso mundo

que não mais parece feliz

Doente

fulano

comeu ciclano

adoeceu

ciclano

comeu beltrano

adoeceu

eu

não comi ninguém

adoeci

Orbital

acreditarei no hoje

pois o amanhã está bem anormal

me dói ao pensar nisso

e eu prefiro não ter decepção

prefiro sorte

amor

cigarros

e um pedaço de papel

dedos para tocar

braços para afagar

boca para beijar

e coração para ser pedra

a pedra que o teu polimento se torna necessário

e então, me entrego ao amanhã

agora sim: eu posso

Nostálgico

logo ao sair

respirei mais fundo

lembrando de coisas

todas partes do meu mundo

infeliz foi aquele

que nunca viajou

nunca pecou

ou nunca errou

feliz daquele que tem lembranças

que tem amigos

que tem o seu cerébro

e o usa

saudade de ter lembranças

Crônica de um poeta que cansa, logo desabafa

Vou começar o desabafo, pode ser?

Então... ser gay cansa. E demais. É ter que dizer as tuas posições sexuais, o gosto do lábio do outro, se dói, se isso, se aquilo. É o uso do condicional em perguntas o tempo todo, é a ideia de opção, orientação e tantas outras, e assim por diante... Ser gay parece como nos filmes do Almodóvar, onde tudo é impossível e pior: ser gay é ter um pouco mais de inteligência, é ter que se esconder um pouco mais, é ter um pouco mais de rapidez, fragilidade e muito, mas muito menos liberdade. Ser gay é tão ruim que me faz pensar em desistir de ser assim. Aí, vem um coração palpitante, pedindo carinho, pedindo atenção e pedindo o meu coração (e que ele palpite).

É... ser gay é chato e difícil, mas se eu não fosse gay, eu não teria encontrado amigos como o Fabrício, lésbicas como a Ju, gays cantores como Ney Matogrosso e também nunca teria feito meu peito arder de saudade como arde agora pelo meu namorido.

Pois é... afinal, ser gay é não poder postar isso, é não poder gritar por amor ou respeito. Ser gay é ver risadas? Não. Ser gay é ver piada? Não.

Piada é fazer a piada!

Liberdade

eu queria saber como é estar verdadeiramente livre

eu queria entender as pessoas sem precisar fugir delas

eu gostaria de ver a lua de perto e não precisar chorar

eu entenderia minha mãe se ela estivesse por perto

eu vivo uma vida de mentira

mas tem sido tão gostoso não enfrentar medos

eu vivo a vida de forma dramática

para ter um pouco mais de graça

eu queria dividir todo o amor que tenho no coração

para que o mundo fosse um pouco menos doente

e que pudesse respirar o ar puro

eu queria dividir os amigos que tenho

para ter certeza de que

maldade não há

Nina

eu devia ter nascido antes

para poder me render todos os dias,

ser escravo

e amar Nina Simone completamente

Prólogo

até quando ser feliz será tabu?

até quando amor será sinônimo de dor?

até quando ter filhos haverá de ser plano familiar?

e me diga, o que é família?

em que ponto está errado dois homens se beijarem?

em que parte tem erro estar pelado, se isso faz parte da natureza?

em que fase da vida comer carne será menos regra e mais maldade?

é, eu não aprendi nada disso ainda..

.

O que eu tenho?

eu tenho dez dedos

tenho roupas e mãos

tenho mochilas e dores nas costas

e nem tenho uma cama

eu tive um amor

agora tenho dois

perdi meu tempo

e também minha juventude

o que fazer?

o que eu tenho?

eu digo o que eu tenho

e que nunca ninguém pode tirar de mim

um bom amigo

um bom jeito de lidar com as situações

uma ótima forma de cantar e ser feliz

e um bom vinho barato pra me entorpecer

uma vida inteira para perder mais tempo

um milhão de livros para ler

uma jornada de trabalho que cansa, mas é linda

e um bando de homofóbicos para fazer rir

Patinete

e quando não havia mais som

criei a dor

para recriar facilmente o meu sentir

sentir, esse, que dói

dói por não saber onde está

dói por encontrar algo, logo não decifrando

queria estar entre tuas pernas

gemendo o que tenho vontade de gemer

gritar para o mundo a falta que tu fazes

mas acabou

não tenho tempo

meu tempo é precioso

eu preciso de vida

tu não sabes o que isso significa

afinal, só vive quem tem bomba de sangue

3:57

it's 3:57
and I'm feeling what i promissed i wouldn't feel
i'm burning inside
and i need some therapy


i can't stand it anymore
i need some help, please
i feel the stomachache here inside me
and i'm not feeling good


i saw a white thing in my bed
and i feel i need it here inside
inside, inside and inside
i feel i will die


i died and i died
and now, i got to go

A decadência da arte

elas me cansam, sabes?

cansam pelo ar exacerbado da arte

falsa arte, por sinal

precisam ler, precisam se reeducar

precisam comer o pão que nem o diabo amassa

me cansam pela repetitiva música que ouvem

pelo olhar meio perdido que criam ao querer recitar o poema que nem sabem de onde vem

e ainda querem ser inteligentes

a impressão que causam é a de loucas, doidas, doidivanas, varridas

me irritam em pouco tempo

me enjoo em outros tantos

e escrever sobre elas me deixa melhor

mas preferia escrever sobre massas ou cores ou até sobre amores

por ora, chego à conclusão de que todos artistas são falsos

me doem demais a sua forçada tentativa de serem diferentes, descrentes, eloquentes

nem devem ter lido Marx, ou lido Sartre, ou mesmo Caio

eles devem ler os olhos deles mesmos